22 August 2009

No Interior, o meu interior


Nesse relato, não trago a história de uma viagem, mas das sensações que permeiam todas elas. Desde o instante em que fecho as malas, que desço às pressas para pegar o táxi e em seguida enfrentar os minutos que me separam do meu canto para a próxima parada.

Bem verdade que evito me estressar muito com os atrasos ou com o trânsito..embora as últimas idas para as aulas de pós-graduação que ministro, tenham sido todas, muito estressantes...outro dia cheguei às 18h57 para uma viagem prevista para 18h45...não perdi o ônibus, claro... o motorista foi muito simpático! Aliás, me sinto cada dia mais íntima desses fiéis trabalhadores da estrada!

Na sequência, entrego a bagagem, guardo o comprovante e subo... passo pelos olhares curiosos ou chateados com a retardatária, finjo que não é comigo, porque sou do bem..e procuro a minha poltrona, muito ansiosa para descobrir quem será que vai ao meu lado. Engraçado me lembrar disso...porque como sou muito falante normalmente, não sou do tipo que quero conhecer outras pessoas e passar a viagem falando do tempo, da nova gripe ou sobre o porquê da minha viagem...sinceramente, respeito quem o faz, mas fico irritada quando a conversa extrapola os 30 minutos e me desconcentra do sono ou dos meus pensamentos.

Bem, já instalada, perto de quem não tenho afinidade e não escolheria viajar perto, se eu pudesse, eu visto as minhas meias azuis, com travesseiro posicionado, relaxo...sempre com olhos atentos e ouvidos já adaptados ao fone de ouvido do celular.

Assim sigo eu, em minha poltrona, no corredor. A maioria prefere as janelas, para visualizar paisagens...que bobagem, internamente há tanto para se ver...é tão surreal o que vejo entre os meus colegas passageiros! Me transformei numa observadora discreta...vejo tudo mas faço a tal cara de paisagem...uma comédia!

Mas, sério. Prefiro o corredor, afinal, facilita eu descer, ir ao banheiro ou me livrar logo do companheiro bizarro que muitas vezes me aparece pelo caminho!

E é aí, ambientada com o interior do ônibus, que páro para pensar em mim. Impressionante como estrada é vida. A vida da gente, passando por uma espécie de vídeo com as cenas dos últimos capítulos, que a gente pode dar pausa, voltar, sentir até cheiro das coisas boas que lembramos...e que atormentam nosso juízo...que bom se esse imaginário pudesse se tornar real, em algum ponto, pra gente dizer as verdades que às vezes, ficam engasgadas...mas não saem nem sob tortura!

Voltando ao vídeo do meu interior, e não mais do nosso interior...fico muda a viagem inteira...pareço triste, solitária ou emburrada? Tanto faz, pois pouco me interessa o que pareço aos olhos alheios...em mim, dentro de mim...há um turbilhão de emoções, que estão acontecendo ou para acontecer...não estou chateada, nem triste muito menos sozinha...ah...isso, nunca..são muitos os personagens que me aparecem na imaginação!

Fisicamente sim, estou só. Óbvio. Viajo para trabalhar: não estou com a meta do milênio querendo conhecer as cidades mais interessantes ou pitorescas do estado da Bahia. Não. Estou a caminho de mais uma turma para conhecer, falar sobre psicopedagogia, seus âmbitos de atuação, como agir diante de uma criança que aparentemente apresenta sintomas de dificuldades para aprender, e blá, blá, blá...

Insisto que quero voltar a falar do interior que há em mim.... mas ainda não consegui fazer isso, ao menos na escrita. Vou tentar, prometo.

7 comments:

  1. Minha sobrinha é uma cronista e tanto!
    Delícia ler seus comentários!
    Espero que viaje bastante ,de modo real ou surreal e poste as emoções!
    beijinhos

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  2. Parabéns pelo blog, Ju! Bem vinda ao clube!
    Bjs.

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  3. ô juba, tá massa! vc tem o dom da escrita e da fala. depois do blog faz um podcast...rs.. sucesso! bj,

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  4. Tia liinda. adoro as histórias das suas viagens ...
    oauieuieauioea .
    saudades.
    te amo ♥

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  5. Que legal.. uma simples viagem se transforma em uma história emocionante! Adore tia jú. Te amo

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  6. Ai meu Deus, o que respondo com tanta seda sendo rasgada, ainda mais por sobrinhas e amigos de verdade? Já sei: me dá um alfinete, porque vou explodir de alegria!

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