23 October 2016

"eu chovo"

Ando pensando sobre meu presente. Das coisas que me desagradam; das coisas que me fazem bem; das energias que ando sentindo à minha volta; das boas e das más energias. Sempre fui muito cética com essa coisa de "tem que ficar em silêncio" e que o "segredo do sucesso é ficar de boca fechada". Sempre fui muito exposta. Não acredito que mudarei aos 46 do segundo tempo. Se uma das minhas marcas é a exposição na escrita, mais do que na fala, é na escrita que vou materializar o que penso, doa a mim, doa a quem doer.
Esses últimos meses estão sendo muito difíceis. O semestre mais longo na universidade. O estresse mais pesado na feitura dos trabalhos. O cansaço mais intenso todas as noites em que me deito. E o que dizer da tpm? Nossa, parece que o tempo passa e cada mês vem mais forte e imperativa.
Estou rodeada de afazeres, de prazos, de demandas a cumprir. Não sobra muito tempo que nem esses domingos chuvosos, para chover. Hoje é um presente sim. Um dia em que posso chover.
Descobri esse verbo numa canção de Adriana Calcanhotto. A primeira da seleção que fiz e que ainda vou aprender a tocar no violão. Esse é um sonho bom. Que nutro, faça chuva ou faça sol.
Tenho estado arisca, silenciosa, intransigente, intolerante, radical. Há coisas que já resolvi na cabeça. Não tem jeito de voltar atrás. Desisti de seguir alguns (ditos) amigos. Seguir na palavra estrita: estar perto, socorrer, festejar, querer estar perto, querer socorrer, querer festejar. Sigo mais só que acompanhada. Sigo o meu caminho, com muitas incertezas. Se fico mais, se fico menos. Se arrisco mudar, se desisto. Sigo carente, desejando viver um novo amor, porque acredito que amar pode dar certo, mesmo tendo tido frustrações tão fresquinhas, que vez ou outra me atrapalham o sono. Sigo tensa, mas sabendo que não posso contrariar minha intuição que agora me diz que preciso silenciar mesmo, ainda que seja por um tempo. E me despeço daquilo que não acredito ser bom viver. É como se estivesse diante de uma grande encruzilhada. Como se estivesse tentando encontrar a direção, mesmo que não seja 31 de dezembro, ainda. O passado ficou lá atrás. Daqui de onde me enxergo, só quero construir pontes com gentes desinteressadas, de olhares e desejos cúmplices, que me aceitem, me respeitem, que não me invejem. Não quero, não preciso, não sou obrigada.

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