31 October 2017

a vida é um piscar e dói mais do que deveria.

Ontem dois irmãos morreram afogados.
Alisson, 20 anos. Andrei, 16 anos.
Estavam desaparecidos e a família desesperada com o sumiço.
Allison era um jovem estudante de Biologia da Ufal, Campus Arapiraca, que seguia seu sonho de tornar-se pesquisador de insetos. Eis que decidiu trilhar sozinho e levou o irmão junto, certamente como apoiador da aventura pela ciência a céu aberto.
Fico pensando na dor da mãe que antes estava desesperada e, na primeira das seguintes segunda-feiras, dormiu sem receber em casa os seus filhos da volta de um passeio de domingo.
Hoje tivemos outra morte no trânsito.
Foram quase 2h num engarrafamento na via expressa e o que eu sabia é que tinha havido um acidente grave.
Junto com o corpo do jovem estendido no chão, a pista sangrava. Quem chorou por ele? Quem o aguardava? Será que estudava? Será que tinha filho? Será que, assim como eu, estava atrasado para o trabalho? Será no quê ou em quem pensava no momento da batida?
Eu, impaciente, só pensava em mim e no MEU compromisso. Eu só não imaginava que veria a cara da morte, assim, no asfalto, e pior, que eu passaria (de novo) com pressa, sem parar, agradecendo por ter o meu caminho liberado.
Partiram 3 que eu soube, em dois dias.
Eu tenho plena convicção que eu não deveria ser tão egoísta ou considerar natural a morte de ninguém.
Eu não deveria seguir como se nada tivesse acontecido.

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