22 January 2018

o que é do homem o bicho não come

Essa é uma expressão que ela sempre teve dificuldade de entender, por não acreditar muito em destino. Pra dizer francamente, apesar de gostar da astrologia, de tarô, búzios, linhas da mão e toda a sorte de energia para explicar a subjetividade no mundo material, essa mulher é cética demais. Argumenta, por exemplo, que entre gostar e acreditar tem-se uma distância gigantesca.
Conjectura que se aquário é oposto complementar de leão e se libra é par perfeito de aquário... isso serve mais pra justificar escolhas (ou a falta delas) do que qualquer outra coisa. Não, ela não acredita em nada disso. Duvida completamente que o universo conspira só porque é lua cheia ou porque um arco-íris apareceu do nada, justamente quando estava buscando um sinal dos céus.
Lembra que não é possível interpretar o cosmos, ainda mais sendo leiga de pai, mãe e todos os seus antepassados, num assunto complexo como esse.
Pensando como ela, penso que quando estamos envolvidos, apaixonados tudo ganha dimensões inexplicáveis apenas pela razão. Tem que adicionar música, poesia, sentidos outros.
Eis que essa pessoa tão incrédula, que tem certeza que papai noel não existe, mas sempre liga o pisca-pisca em todo natal, decidiu que quer passar a crer que "o que é do homem o bicho não come". Isso dá um alívio, sabe? Deve ser o máximo quem confia nisso e simplesmente vive tranquilo, sem expectativas, sem ansiedades. Sabe que em algum momento aquele "estalo" vai acontecer e por isso pode viver com essa leveza, sabendo que o melhor vai chegar em sua vida, que o amor vai enfim, pousar em seus dias, e assim vai desaparecer desgosto, desilusão, desencontro, dissabor, distância e o tal ceticismo que até gosta de alimentar entre os amigos cheios de fé e escapulários.
Ela quer acreditar nisso. Veementemente. E está de dedos cruzados, já sorrindo para o mundo inteiro, pela magia dessas palavras que (agora) soam tão verdadeiras.

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